Saúde bucal

Pesquisa associa incidência de cárie ao consumo de açúcar na primeira infância

Apesar da correlação ser conhecida, poucos estudos acompanharam a dieta de crianças para avaliar o impacto da doença nesta etapa da vida

Foto: Divulgação - Ocorrência de cárie é maior em crianças que fazem um consumo crescente de açúcar

Um estudo feito na UFPel aponta que a ocorrência de cárie é 60% maior em crianças que fazem um consumo crescente de açúcar em suas dietas na primeira infância. Para crianças com consumo de açúcar sempre alto, a prevalência é 51% maior. Os dados são da pesquisa feita pela dentista Mariana Echeverria em sua tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia e foram apresentados na semana passada. O estudo utilizou dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015, que acompanhou as crianças participantes aos 3, 12, 24 e 48 meses.

A cárie dentária é a doença crônica mais comum na primeira infância e afeta em torno de 621 milhões de crianças em todo o mundo, causando dores, febre e dificuldades para comer, dormir, frequentar a escola e brincar. Apesar de a correlação entre o consumo de açúcares e a cárie já ser conhecida pela ciência, poucos estudos acompanharam a dieta de crianças para avaliar o impacto da cárie na primeira infância.

A pesquisa também avaliou a relação entre o consumo precoce do açúcar e a cárie. O estudo aponta que a prevalência de cárie é 48% maior em crianças que começaram a consumir açúcar no primeiro ano de vida em comparação com aquelas que tiveram o doce introduzido na dieta após os 24 meses, seguindo a recomendação de entidades internacionais.

Risco também de diabetes e obesidade

A pesquisadora destaca que, além da cárie, o consumo de açúcar facilita o desenvolvimento de outras doenças, como diabetes e obesidade. Ela defende que, a partir da descoberta, haja uma maior tributação de produtos com excesso de açúcar para desestimular o consumo. "Para tentar reduzir a cárie, mas também pensando na saúde em geral", argumenta.

Mariana diz ainda que o Brasil precisa avançar na rotulagem de produtos, deixando claro ao consumidor o excesso de substâncias prejudiciais à saúde. "Isso já é adotado no México, no Uruguai, nosso país vizinho, e aqui no Brasil a gente ainda está muito atrasado. As pessoas precisam saber o que elas estão consumindo", aponta.

O professor Flávio Demarco, orientador da pesquisa, aponta que o trabalho pode servir para a elaboração de políticas públicas de saúde. "Estima-se que 5% dos gastos dos sistemas de saúde no mundo são para o tratamento de doenças bucais", indica, lembrando que a prevalência é maior entre pessoas mais pobres, já que o açúcar é mais presente nos alimentos mais baratos, incentivando o consumo elevado.

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